Chef Lucas Corazza

S.O.S. Alfenim

O doce Alfenim está beirando a extinção.

Credita-se a extinção desse doce ao processo de importação e outras culturas e a industrialização dos alimentos. Segundo, o historiador norte-riograndense, Câmara Cascudo, é “ a máquina substituindo a perícia digital e a produção em série anulando a individualização criadora e sugestiva da invenção pessoal”.

Um doce cujo sabor não é o foco. Apesar disso, lá fora, uma técnica como essa é executada por grandes chefs – virtuosistas, os quais com criatividade realizam esculturas, nos atordoam com novas técnicas de montagens e conseguem torna-las cada vez maiores.

Por aqui, permitimos que beire o esquecimento. Pior do que isso: permitimos que essa técnica não evolua, não chegue ao seu máximo.

Alfenim, do árabe “al-fenid”, significa “aquilo que é branco”.

O doce é uma herança oriental que recebemos com a chegada dos espanhóis e portugueses; estes por sua vez, receberam dos arábes quando invadiram a península ibérica.

Se historicamente esse doce é marcado pela invasão e a colonização, o que ele representa está longe de movimentos tão agressivos.

O Alfenim, na cultura ocidental, é um doce feito em homenagem ao Divino Espirito Santo, oferecido como pagamento de promessas.

O Alfenim é um doce de cor branca e feito com poucos ingredientes: açúcar, vinagre e água.

Por ser facilmente moldado e adaptado a qualquer forma que se deseje, em alguns lugares adicionam essência de amêndoas para dar sabor.

Credita-se a extinção desse doce ao processo de importação e outras culturas e a industrialização dos alimentos. Segundo, o historiador norte-riograndense, Câmara Cascudo, é “ a máquina substituindo a perícia digital e a produção em série anulando a individualização criadora e sugestiva da invenção pessoal”.

O Alfenim surge aqui apenas como um exemplo de diversos doces que vem lentamente sendo esquecidos.

Se é dever dos Chefs nos associarmos a produtores locais e procurar novos ingredientes, também deve ser nosso dever resgatar antigas técnicas e doces para evitar sua extinção.

Abaixo, uma receita que encontrei na internet no blog Receitas da Dina. Reparem a escrita…

ALFENIM

INGREDIENTES
1 kg de açúcar
1 colher de sopa de vinagre de vinho branco
manteiga

MODO DE PREPARAÇÃO
Leva-se o açúcar ao lume com 4 dl de água e o vinagre e deixa-se ferver até fazer ponto de bola mole (pérola apertado).
Deita-se a calda num recipiente de metal untado com manteiga e que se encontra dentro de outro recipiente com água fria.
O açúcar começa a arrefecer dos lados, razão por que às vezes se torna necessário puxar para dentro esse açúcar com uma faca.
Assim que o calor permitir, mexe-se no açúcar com as mãos, começa a puxar-se para fora, esticando-o e dando-lhe a forma de uma meada, dobrando-o e voltando a esticá-lo até o açúcar ficar bem elástico, opaco e branco.
Divide-se a massa em pedaços, cortando-a com uma tesoura, e vai-se trabalhando o alfenim enquanto morno.
Para conservar os pedaços de alfenim moldáveis (sem arrefecer completamente), mantêm-se na boca do forno ou sob a acção intermitente de um irradiador de calor (eléctrico).
Com o alfenim podem-se então moldar animais, flores, etc., com que se enfeitam artisticamente outros bolos. Também se pode comer como rebuçados.

Esta entrada foi publicada em novembro 30, 2011 às 18:35 e está arquivada sob Patisserie. Guarde o link permanente. Seguir quaisquer comentários aqui com o feed RSS para este post.

3 opiniões sobre “S.O.S. Alfenim

  1. Amei a Técnica,e realmente temos de preserva-las ainda mais sendo uma cultura tão rica!!!
    Obrigada por partilhar mais uma preciosidade como essa!!!

  2. hummmm!!! Linda Técnica

  3. Pingback: CHEF CONFETEIRO LUCAS CORAZZA - Abaga | Associação Brasileira de Alta Gastronomia

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